segunda-feira, 8 de março de 2010

Um Professor surdo mas antes de tudo um Professor

O Drauzio é participante da comissão que elaborou o Manifesto Sulp, um bom amigo, um cidadão e professor universitário.
Às vezes é convidado para falar do SULP e de sua experiência pessoal e profissional.

O texto que segue é parte da resposta a uma questão originada numa entrevista.
Mas creio que o texto é muito esclarecedor não somente do ponto de vista do Drauzio como do Sulp.


"Sou professor universitário. Ministro aulas na Universidade. Trabalho como qualquer outro professor.
Entrei na Universidade por concurso público disputando com ouvintes.
Não permito que minha deficiência auditiva atrapalhe meu trabalho, que executo normalmente como faz qualquer ouvinte.
Não converso com os alunos sobre a deficiência porque não vejo motivo, afinal, estou lá como professor, não como surdo.
Abordo a questão apenas quando me perguntam, o que não é comum. No entanto, eu os instruo a me chamar quando estou de frente para eles e a erguer a mão quando querem fazer perguntas.
Enfim, busco não dar a surdez uma importância maior do que ela deve ter.

Na verdade, eu não estudo o assunto surdez até porque a minha formação é Economia e não Medicina.

Meu trabalho, bem como o do grupo SULP (Surdos Usuários da Língua Portuguesa) é conscientizar os surdos sobre os seus direitos, sobre as tecnologias que podem ajudá-los e conscientizar a população ouvinte e as autoridades sobre as necessidades dos surdos.
É um trabalho de popularização e conscientização das necessidades dos surdos usuários da língua portuguesa (oralizados).

Trabalho nesse assunto porque eu também sou surdo e por uma questão de cidadania.

Tenho surdez severa em um ouvido e profunda em outro. Curiosamente, antes de eu perder a audição em um dos ouvidos, eu seria considerado surdo unilateral, já que ouvia perfeitamente com apenas um dos lados. Porém, perdi a audição ainda jovem e quando entrei no mercado de trabalho, já estava surdo e usando aparelhos auditivos. Então, não vivenciei a surdez unilateral no mercado de trabalho.

Atuo na questão da surdez, conforme as possibilidades, para contribuir na luta pela melhoria da acessibilidade aos surdos na sociedade e também, tanto quanto possível, para ajudar a combater o preconceito que existe, tanto veladamente quanto explicitamente."



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